23 de mar. de 2013

Revista Fórum, Faz entrevista com Mano Brown

 A mensagem de Brown sempre foi forte e contundente, mas hoje o músico prepara o lançamento de um álbum solo, no qual o soul e o romantismo predominam. Isso não significa, nem de longe, que o seu pensamento tenha se modificado, até porque muito do contexto que propiciou o nascimento do Racionais ainda está presente na realidade brasileira. “Eu não estava falando de chacina, de nada disso, estava preparando um disco de música romântica, aí começou a morrer gente aqui e tive que fazer alguma coisa.”
   O músico se refere à chacina que matou sete pessoas na região do Campo Limpo, zona sul paulistana, em 5 de janeiro. Entre as vítimas, o músico DJ Lah, em um primeiro momento tido como autor de um vídeo que denunciava a execução de um comerciante no mesmo local, feita por policiais. A informação foi desmentida depois, mas o espectro de que se tratava de uma vingança paira sobre a população do lugar. E Brown fala sobre as possíveis consequências para quem viu e sentiu a tragédia de perto. “Essa ferida não vai cicatrizar, quem mora naquele lugar onde morreu o Lah não vai esquecer, os moleques vão crescer, mano. Quem viveu aquilo não vai esquecer.”
     Mano Brown fala sobre a falta de oportunidades na periferia, do racismo, de um sistema que oprime, mas também ressalta o que ele considera ser o nascimento de um novo Brasil, destacando o papel da nova geração. Assim, ele mesmo tenta se “reinventar” para seguir na luta que sempre foi dele e de muitas outras pessoas. “Para dar continuidade ao trabalho, temos que caminhar pra frente, a juventude precisa de rapidez na informação, não dá pra ficar debatendo a mesma ideia sempre. É fácil para o Brown ficar nessas ideias, fácil, é até covarde ficar jogando mais lenha, então fui buscar as outras ideias, que passam pela raça também, com certeza.”
 
 

Fórum (Pergunta): – E quem está matando nas periferias?
Brown (Responde): – A polícia. O braço armado, conexões armadas, de direita.
 
 

 

Fórum (Pergunta): – Você tem um histórico de estranhamentos com a polícia…
Brown (Responde): – Houve a época em que soava o gongo, a gente saía dando porrada pra todo lado, não olhava nem em quem. Outra época, a gente procurava a polícia pra sair batendo. Hoje em dia, espera pra ver quem vai vir. Não é só a polícia, são vários poderes. A gente não foca na polícia, a polícia é um tentáculo do sistema, o mais mal pago. Mas é armado e chega com autoridade, é um tentáculo perigoso. E tem várias formas de matar, de matar o preto.


 
 
 
A íntegra da entrevista está na edição 120 da revista Fórum.

3 comentários:

  1. Foda memo viva MANO BROWN

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  2. Um dos caras mais inteligentes que eu ja vi.

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  3. Me sinto muito bem representada por vc Brown voz da periferia

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