Público aprova rap antitudo do grupo paulistano cantando, sentindo e
acreditando em cada palavra proferida por Mano Brown e sua gangue:
No palco, os DJs KL Jay e Ajamu esmerilharam nas pick-ups até encaixar o
groove sintético de “More Bounce to the Ounce”, clássico da banda
americana Zapp. A levada fez o MC Mano Brown começar a dançar na lateral
(longe dos olhos do público), como se estivesse se aquecendo para o
show a seguir. A música deu lugar a barulhos de rua, até que um tiro
soou: era o sinal para que os Racionais MC’s invadissem o palco
principal do Planeta Atlântida 2013.
Charlie Brown Jr, Claudia Leitte, Naldo e Planet Hemp – os shows
restantes da primeira noite e festival – vão ter que rebolar para
superar o grupo paulistano. Brown, Ice Blue e Edy Rock, mais os
convidados Helião, Lino Krizz, Big e Boy, entraram dispostos a tirar o
atraso – a primeira e única apresentação deles no festival fora em 2004.
De lá para cá, embora tenham lançado apenas mais um disco, sua fama e
influência só cresceram.
Garotos que usavam fraldas quando o disco Sobrevivendo no Inferno
estabeleceu um novo parâmetro ao rap nacional sabiam as letras na ponta
da língua, muitas vezes alheios ao seu significado, mas sempre
impactados pelo ritmo. E dá-lhe esculacho na preconceito, na burguesia,
no sistema: “Eu Sou 157”, “Mil Faces de um Homem Leal”, “Expresso da
Meia-Noite”, “Jesus Chorou”…
Em “Vida Loka”, Chorão (do Charlie Brown Jr.) apareceu para não sair
mais, ficando até o estouro de champanha final. Indiferente à catarse
que acontecia a poucos metros de onde estava, Serguei (aquele mesmo que
você está pensando) dava mole no backstage. Perguntado se gostava dos
manos, o veterano lascou: “Respeito eles, mas não saio de casa para ver
gente reclamando da vida”. Perdeu, playboy.
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